Como o banho de floresta pode ajudar na sua saúde?
- Ana Lívia Negrão
- 2 de dez. de 2024
- 4 min de leitura
Se revisitarmos a história daqueles que vieram antes de nós, observamos que nossos ancestrais habitavam e mantinham uma relação de sinergismo com as florestas. Todos os recursos para a sobrevivência, medicina e descanso partiam da natureza.
Ao longo da evolução das civilizações e tecnologia, essa conexão foi se perdendo. Nós nos distanciamos e temos nos afastado cada vez mais da natureza. Esse afastamento tem um preço: aumento dos níveis de estresse, ansiedade, sintomas depressivos, burnout, entre outras doenças psicológicas, que atuam e impactam em outros sintomas físicos, formando uma grande cascata de problemas.
Sabe como podemos melhorar esses problemas? Retomando a conexão perdida com a natureza. Sim, religar esses laços rompidos pode melhorar os problemas de saúde comuns na sociedade moderna, e quem diz isso é a ciência. Diversos estudos têm sido realizados há quase 2 décadas e têm mostrado que o simples fato de você ir à uma área verde, observar, andar, ou ainda, visualizar uma floresta, pode auxiliar na redução de cortisol, o hormônio do estresse. Sim, você fica menos estressado em ir para o mato.
Essa prática se chama Banho de Floresta ou Shinrin-yoku, e é muito praticada no Japão. Ela tem se difundido para outros países, chegando recentemente no Brasil. Desde 2021, a Fiocruz e Instituto Brasileiro de Ecopsicologia têm atuado em parceria com a Universidade de Chiba, no Japão. O pesquisador Yoshifumi Miyazaki atua e pesquisa a prática desde 1990.

Os resultados dos efeitos do banho de floresta mostram uma redução do hormônio do estresse, o cortisol, regulando o nosso sistema. Essa prática pode ser considerada como uma alternativa médica preventiva no combate ao estresse e suas doenças relacionadas, como ansiedade, depressão e burnout, além da melhoria do sistema cardiovascular e imunológico. Os benefícios para a saúde são considerados imediatos, e podem durar de 7 a 30 dias após a exposição à floresta.
Os cientistas têm associado esses efeitos ao que podemos chamar de estímulo dos 5 sentidos. Estar na natureza ativa nosso paladar, tato, audição, olfato e visão. O estímulo olfativo pode se dar pela liberação de fitoncidas, que são compostos antimicrobianos produzidos para defesa das plantas. Sabe quando você está em um jardim ou floresta de pinheiros ou ciprestes? Aquele cheiro de pinheiro que remete ao natal? Então, o cheiro desses compostos podem ser detectados no ar da floresta e contribuem no sistema imunológico, além de diminuir a frequência cardíaca, a ansiedade e nos níveis de cortisol.
Um outro estímulo importante é o visual. O simples fato de ver as plantas, as folhas, flores e os animais associados, ou até mesma a paisagem de um jardim, auxiliam na redução do cortisol. O mais intrigante aqui é que até mesmo estímulo visual digital, como a visita online a uma floresta, tem mostrado efeitos positivos na redução do estresse. Embora os fitoncidas e outros compostos voláteis das plantas possam desempenhar um papel nos efeitos gerais do banho de floresta, observá-la e contemplar o ambiente natural parecem os componentes mais importantes, capazes de influenciar signifi cativamente os níveis de cortisol.
Esses dados podem parecer estranhos, mas pensando que muitos centros urbanos continuam se expandindo e o acesso à natureza tem se tornado escasso, ambientes digitais gerados por computador poderiam ser criados e usados para aproveitar os efeitos benéfi cos do banho de floresta virtual, em pacientes que não podem fisicamente alcançar uma floresta real por causa de defi ciências individuais ou outros problemas de saúde.
Uma questão que alguns estudos levantam é que os possíveis efeitos do banho de floresta se dariam por antecipação, e assim, a melhora nos níveis de cortisol e consequentemente estresse seria um efeito placebo. O simples fato de saber ou estar numa área verde já atuaria na redução do cortisol. O importante aqui é que placebo ou não, a maioria dos pesquisadores salientam a importância que o banho de floresta tem mostrado, dados os resultados significativos na saúde dos participantes dos estudos realizados.
Para além dos 5 sentidos, temos também a ativação do que chamamos de sexto sentido ou percepção extrassensorial. O que eu chamo de intuição. A experiência do banho de floresta se torna algo muito além dos benefícios obtidos em dados científi cos. Se torna algo mágico, cheio de sentido e propósito. Se torna a transformação na saúde, e gente saudável é gente feliz.
Quer uma dica? Reserve ao menos 15 minutos em um dia para ser seu dia de conexão. Vá a um parque, área verde, uma floresta, ou até mesmo seu jardim. Caminhe, sente-se, observe as cores, as plantas e os animais. Feche os olhos, escute, toque as plantas (caso tenha certeza de que não causam alergias), sinta as texturas. Respire! Medite!
É como eu sempre digo: A conexão com a natureza restaura nossa essência!
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